A esteatose hepática se caracteriza pelo acúmulo excessivo de gordura nas células do fígado. Entre as doenças hepáticas crônicas, a esteatose vem se destacando por sua prevalência crescente e alarmante, representando um grande problema de saúde pública em todo o mundo.
Em geral, é uma condição assintomática que, no entanto, pode evoluir de um aparentemente inofensivo acúmulo de gordura no fígado para um quadro de inflamação hepática crônica (hepatite), fibrose, cirrose hepática e, até mesmo, hepatocarcinoma (câncer de fígado).
Sua ocorrência está associada à presença de um ambiente metabólico desregulado caracterizado, particularmente, pela resistência elevada à ação da insulina no organismo. Os principais fatores de risco para o desenvolvimento desta condição são a obesidade abdominal, a síndrome metabólica, a dislipidemia e o diabetes melito.
Sua presença está diretamente relacionada a um risco elevado do desenvolvimento de doença cardiovascular, o que não deve causar estranhamento, uma vez que tanto a esteatose hepática quanto as doenças cardiovasculares compartilham fatores de risco em comum. Essa associação fica ainda mais evidente a partir da observação da elevada prevalência de morte cardíaca em portadores de esteatose hepática.
O ambiente inflamatório crônico, marcado pela liberação contínua de citocinas pró-inflamatórias e mediadores pró-trombóticos, contribui para disfunção endotelial e aterosclerose acelerada que, por sua vez, levam a um risco aumentado de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca.
O tratamento da esteatose hepática pode envolver o uso de alguns medicamentos. Todavia, resultados efetivos e sustentados para o controle da doença só serão alcançados a partir da adoção de hábitos alimentares saudáveis e da prática regular de atividade física, com foco no controle do peso, redução dos níveis de gordura abdominal e ganho de massa magra.
A presença de gordura no fígado deve acender um alerta para o risco do desenvolvimento de doenças graves, particularmente doenças cardiovasculares, e reforça que a adoção de um estilo de vida saudável é fundamental para o seu controle.